Esse foi um livro que eu tinha
em minha estante há mais de cinco anos e sua história eu não lembrava.
Aproveitando a falta de livros, decidi embarcar em uma releitura. Com uma
temática histórica, pode-se aprender muito sobre um dos países mais admirados
no mundo, o Japão.
Resumo:
O enredo se passa durante a
vinda dos imigrantes japoneses ao Brasil, antecedendo um pouco a segunda guerra
mundial. A história narra a vida de Tadashi, que convence os pais de o deixarem
vir ao país em busca de melhores condições de vida para sua família. Junto dos
Nakamura, casal que o adota para conseguirem embarcar, vem ao Brasil com duas
missões: enriquecer e buscar o filho Jiro que não mandou mais cartas aos pais.
Com esse intuito, eles passam por turbulências em uma embarcação lotada e
muitas doenças se proliferam facilmente. No país, sem a recepção do filho
perdido, eles são mandados para uma fazenda para trabalharem como uma espécie
de brinde, uma vez que Tadashi tinha por volta de 15 anos e os Nakamura já
quase não tinham mais forças para trabalho pesado, manual e intenso.
Junto de mais duas famílias,
eles vão se adaptando à nova cultura, ambientes e afins. Infelizmente, o senhor
Nakamura falece logo no início da história ao descobrir que seu filho havia se
casado com uma estrangeira, não japonesa. Antes de perecer totalmente, força a
esposa a prometer a nunca buscar o filho desonrado e a Tadashi que nunca
abandone sua mãe adotiva, dona Seiko. Ainda trabalhando por mais cinco
anos, a história tem esse salto temporal, aterrissando no instante em que dona
Seiko está debilitada e pede a Tadashi ir em busca do filho, ainda mais que, já
falecida, sua promessa com seu marido já não valeria.
Indo até Araçatuba, cidade no
interior do estado de São Paulo, Tadashi se encontra com Elisa, uma professora
de escola na própria cidade. Com um encontro rápido, ele prossegue em busca de
Jiro, e o encontra em uma fazenda própria morando com a esposa, filhos e sogro.
Ao entregar uma carta da mãe e comunica sua morte, Jiro decide acolher Tadashi
por ter cuidado dos pais enquanto estavam no Brasil, aceitando o pedido de sua
mãe de o acolher como irmão. Em uma comemoração de aniversário, Tadashi se
reencontra com Elisa e um romance aflora entre os dois. Com o casamento quase
consumado, ele decide contar ao pai para pedir sua benção, contudo, nada fala
sobre o casamento. Em um telegrama próximo, avisa que mandava uma surpresa ao
filho, um presente. Elisa acredita naquilo como sua aceitação na família.
Entretanto, o tal presente era uma prima de Tadashi para um casamento
arranjado. Não aceitando e querendo mandar a prima no próximo barco, Elisa
decide acolhe-la por um tempo e ela se apaixona por um japonês, um que
trabalhava com Tadashi e que o acompanhou desde a sua chegada, e decidem viver
por aqui e não retornar ao país natal.
O livro termina com a família
já unida e com o Japão entrando na guerra.
Tradição histórica:
O que podemos notar nesse livro
é como a escritora, Lucília Junqueira de Almeida Prado, conseguiu elaborar a
forma como a cultura brasileira conseguiu e expandir com a miscigenação de
outras nacionalidades. Elisa é descendente italiana e Tadashi sofreu um pouco
para ser aceito na família tradicionalmente pura, ou seja, somente italiana. Isso
ocorreu da mesma forma que aconteceu com Tadashi e sua família, assim como Jiro,
sua esposa e os pais japoneses. Por outro lado, Jiro foi intensamente aceito
pela família de Lúcia, também italiana, revelando uma feição diferente sobre a
mesma nacionalidade e sua forma de se colocar.
Outro detalhe é a visão sobre o
corpo. Naquela época, não sei se ainda hoje, os japoneses encaram a figura do
corpo nu como uma forma de admiração e apreciação do bem que a natureza os
entregou. Diferente disso, sempre no Brasil encarou essa figura como uma forma
mais sensualizada, mais para o lado sexual do que o âmbito visual. Isso é
explicado por vários escândalos de obras de artes com pessoas nuas ou ainda
leis que apontam pessoas nuas em locais públicas como atentado ao pudor. Em vista
disso, pode-se notar a clara diferença entre duas culturas bem opostas.
Escrita:
Lucília fez um trabalho
excelente ao elaborar o enredo, colocando fatores históricos bem encaixados,
com a diferenças de linguajar, sotaques. Um trabalho magnífico que ela montou. A
escrita é simples, deixando a leitura muito prazerosa, nada complexa e rápida.
Minha opinião:
A história é muito boa, tem
pontos muito fortes e altos, não consigo enxergar um lado fraco. O final foi
bem encaixado no contexto histórico, deixando um gosto de quero mais e aquele
prazer de um final perfeito e em enrolações. Indico muito a história, ainda mais
quem tem interesse por temáticas históricas e gosta da cultura japonesa.
Comentários
Postar um comentário